Adaptado do romance homônimo de
Philip Roth, “Indignação” (Indignation),
roteirizado e dirigido por James Schamus, narra a história de Marcus Messner
(Logan Lerman), um jovem estudante de origem judia, de classe trabalhadora da cidade de Newark, em New Jersey (EUA), na década de 1950. Inteligente, o rapaz
consegue uma bolsa de estudos para a conservadora Winesburg College, em Ohio, escapando
da convocação para lutar na Guerra da Coreia. Lá, ele se depara com as normas
rígidas da administração do campus e conhece a bela colega de classe Olivia
Hutton (Sarah Gadon), que irá mudar sua vida.
Este é o primeiro filme dirigido por
Schamus, que sempre atuou como produtor e roteirista, sendo co-responsável por
grandes sucessos, como O Tigre e o Dragão
e O segredo de Brokeback Mountain, em
parceria com Ang Lee; Clube de compras
Dallas, de Jean-Marc Vallé, e Milk –
A voz da liberdade, de Gus Vant Sant. Segundo o cineasta, o roteiro de Indignação foi trabalhado durante os
últimos anos que ele esteve na Focus Features, um projeto abraçado pela empatia
que Schamus teve com o personagem criado por Philip Roth. "Até certo
ponto, eu conheço muito bem Marcus Messner, o personagem [de Indignação]", reconhece Schamus.
"Há um pouco dele em mim. Há um pouco dele em todo bom rapaz judeu que
tentou se sair bem na universidade".
Para contar a história de Indignação, Schamus decidiu trabalhar
com os lapsos temporais, construindo uma narrativa principal como um grande flashback.
Os eventos da Guerra da Coreia, em que os companheiros de Marcus Messner
enfrentam a morte faz desde o início parte das elocubrações do personagem
principal. O mote da narrativa é a reflexão sobre as consequências das escolhas
que fazemos na vida. Cada decisão corresponde a um segundo ato, que ao final,
define o abismo entre a vida e a morte.
O filme retrata o campus
universitário como um microcosmos da sociedade norte-americana. Através do
confronto do personagens é possível vislumbrar os conflitos religiosos, morais
e éticos da época. A perda da inocência, a descoberta da sexualidade, o
confronto com figuras de autoridade, a intolerância e a tentativa de controle
abusivo dos indivíduos. Entre as sequências de destaque, os embates entre o
personagem Marcus Messner (Logan Lerman) e o reitor Caudwell (Tracy Letts) são
o ponto central do filme. O roteiro também aborda a imposição da religiosidade versus
racionalidade, o preconceito, a censura e a hipocrisia. Com ótimas atuações, o
longa é uma das boas surpresas do Festival do Rio 2016.
Elisabete Estumano Freire